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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Ary Barroso

ARY BARROSO 

"Brasil/ Meu Brasil brasileiro/ Meu mulato inzoneiro/ Vou cantar-te nos meus versos/ 
O Brasil, samba que dá/ Bamboleio que faz gingar/ O Brasil do meu amor/ 
Terra de Nosso Senhor/ Brasil!/ Brasil!/ Pra mim./ Pra mim."
Aquarela do Brasil. Ary Barroso.

O carnaval brasileiro recebeu sua influência das festas acontecidas na Europa, mas logo tratou de dar a sua cara. E um dos acontecimentos que ajudaram a criar esta identidade é o surgimento das marchinhas de carnaval, que traziam um certo parentesco com o samba, daí vem a relação consagrada que o samba tem com a festa mais querida do Brasil.

As primeiras composições de samba têm origens nos estados do Rio de Janeiro, Bahia e São Paulo, mas não muito tempo depois, na década de 30, do século passado, aparece o mineiro Ary Evangelista Barroso (7/11/1903, Ubá (MG) - 9/2/1964, Rio de Janeiro (RJ)) para introduzir Minas nessa história.

Se você tem uma leve impressão de que não conhece o artista, saiba que alguma vez, de alguma forma: assoviada, cantada, cantarolada, você já ouviu sua obra mais famosa, a canção Aquarela do Brasil.

 Curta-metragem Aquarela Brasileira da Disney

Ary Barroso começou a trabalhar ainda criança, como pianista em um cinema em Ubá e foi para o Rio de Janeiro, a fim de estudar Direito, patrocinado por uma herança que recebera de um tio ex-ministro, que acabara se revertendo em contas de bebidas e de roupas.

Sem dinheiro, volta a trabalhar com música em um cinema no Rio, cine Íris, passando em seguida a tocar com a orquestra do maestro Sebastião Cirino, na sala de espera do teatro Carlos Gomes.

Em 1926, o músico volta ao curso de Direito e mantém a atividade de pianista tocando em bailes, sendo contratado dois anos depois pela orquestra do maestro Spina, de São Paulo, para a acompanhar em apresentações em Santos e Poços de Caldas. Essa excursão durou oito meses e Ary os aproveitou para compor.

Em 1929 acontece seu primeiro sucesso, "Vamos deixar de intimidade", na voz de Mário Reis, um colega de faculdade. Com vista para o Carnaval de 1930, com a marcha "Dá nela", o artista ganha o concurso de canções carnavalescas da Casa Edison. O prêmio foi importante para que se case com Ivone Belfort de Arantes.


Em 1931, produz composições para o teatro musicado e a música "Na Grota Funda", com letra do caricaturista J. Carlos, é encaixada no espetáculo encenado pelo o teatro Recreio "É do Balacobaco". Uma curiosidade: Lamartine Babo, encantado com esta música, escreve outra letra para a melodia, originando, dias depois, a canção "No Rancho Fundo", lançada no programa de Lamartine na Rádio Educadora do Rio de Janeiro.

Em 1932, Renato Murce convida Ary para trabalhar na Rádio Philips. Além de pianista, Ary se torna locutor esportivo, humorista e animador. Em 1934, depois de ter ido à Bahia como pianista da orquestra de Napoleão Tavares, ele cria na Rádio Cosmos (São Paulo) o programa "Hora H". Compõe "Na Batucada da Vida" (regravada por Elis Regina em 1974).


Em 1933, seu programa vai para a Rádio Cruzeiro do Sul, no Rio, e compõe "Inquietação", gravada por Sílvio Caldas naquele ano e regravada por Gal Costa em 1980.

Em 1937, Ary lança outro programa na Cruzeiro do Sul: "Calouros em Desfile" (que, nos anos 1950, será levado para a TV Tupi). Um programa que representa um marco quando coloca em sua pauta a exigência de que os candidatos cantem somente música brasileira e anunciem o nome dos compositores. Por este programa passaram, entre outros, Angela Maria e Lúcio Alves.

1938, Ary estréia na Rádio Tupi, faz a vez de comentarista, humorista, ator e locutor. Dá a luz à composição "Na Baixa do Sapateiro" (gravada por Carmen Miranda) e chama a atenção do mundo com a trilha sonora do desenho animado "Você Já Foi à Bahia?", de Walt Disney.


Em 1939, um samba-exaltação, de melodia extensa, utilizando de uma grande orquestra, conquista o mercado internacional e faz sucesso no Brasil na gravação de Francisco Alves: "Aquarela do Brasil", lançado no espetáculo "Joujoux et Balangandans", de Henrique Pongetti.


Em 1944, Ary vai conhecer os EUA e compõe "Rio de Janeiro" para o filme "Brasil". Durante sua permanência de oito meses, compõe a canção-tema do filme "Três Garotas de Azul". No ano seguinte, volta à América do Norte para musicar o filme "O Trono das Amazonas", que teria 18 composições suas, porém, por causa da morte do produtor, o filme não chega a ser concluído.


1946, Ary candidata-se a vereador na Guanabara pela União Democrática Nacional (UDN) e atinge uma grande quantidade de votos da Câmara do então Distrito Federal, ficando atrás, apenas, de Carlos Lacerda. Como vereador, participa ativamente da escolha do local onde se construiu o Maracanã.

1952, mais um sucesso: "Risque", na voz de Linda Baptista. Inicialmente este samba-canção foi gravado por Aurora Miranda, irmã de Carmen Miranda. Ainda em 1957, Ary compõe "Folha Morta", gravada por Dalva de Oliveira em Londres (para a Odeon) e lançada no Brasil com estrondoso sucesso. Quatro anos depois, a música é regravada por Jamelão, na Continental.

A princípio, Ary Barroso não gosta da Bossa Nova, mas isso não o impedirá de colocar "A Felicidade" (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) entre as dez melhores músicas populares de todos os tempos.

Ary Barroso e Heitor Villa-Lobos se encontram no palácio do Catete em 1955, para receber a Ordem do Mérito, concedida pelo presidente Café Filho. Em 1957, Ary é homenageado com o espetáculo "Mr. Samba", produzido por Carlos Machado e montado na boate Night and Day (Rio de Janeiro); o roteiro faz alusão à biografia de Ary, utilizando as próprias composições dele.

Em 1961, Ary adoece de cirrose hepática e vai morar num sítio em Araras (RJ). No ano seguinte, parcialmente restabelecido, retoma o programa "Encontro com Ary" (TV Tupi), transmitido aos domingos. Em 1963, é internado com nova crise de cirrose. Recupera-se no Natal, mas volta a ser internado e morre na noite de 9 de fevereiro de 1964, um domingo de Carnaval, no momento em que a escola de samba Império Serrano entra na avenida com o enredo "Aquarela do Brasil". Em homenagem ao compositor, faz-se um minuto de silêncio.

Grande e vitoriosa história!

Texto: AAVítor (com severas adaptações).

Fonte única de pesquisa: Biografia de Ary Barroso. Uol Educação. Acesso em 25/02/2011.