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segunda-feira, 18 de julho de 2022

A literatura que vem de Minas: Chapadão do bugre

O blog "Minaspédia, a enciclopédia de Minas" está de volta. E discorrendo sobre a obra literária "Chapadão do bugre", do escritor Mário Palmério, inauguramos o marcador "A literatura que vem de Minas", no qual serão listadas obras produzidas por autores mineiros.

O professor, educador, político e romancista Mário Palmério, Mário de Ascenção Palmério, mineiro de Monte Carmelo, Minas Gerais, nascido em 1 de março de 1916, inspirou-se em uma chacina ocorrida no dia 26 de setembro de 1909 nas dependências do Fórum de Passos, no Sudoeste de Minas Gerais, que ficou conhecida como Matança ou "Tocaia no Fórum", na qual foram assassinados dois coronéis, líderes políticos locais. Caso que ganhou ampla projeção nacional devido aos protestos apresentados no Senado Federal pelo renomado Rui Barbosa, denunciando o possível envolvimento de autoridades mineiras e a urgência de investigar as razões dos crimes (FONTE: Jornal do Sudoeste).

Na literatura, o interior de Minas do início do século XX, época de coronéis e jagunços, de mandar quem pode e de obedecer quem tem juízo, de lavar a alma com sangue, dá o panorama para a história de José de Arimatéia, sujeito bom, de pouca prosa, muito reservado, dentista ambulante, enrabichado por Maria do Carmo (FONTE: Uniube).

Um flagrante de conversa entre Do Carmo e o filho dos padrinhos dela, Inacinho, fez José tecer mau julgamento da donzela. À golpes de machadadas matou o sem vergonha e foi atrás da namorada para fazer o mesmo. Sem sucesso, José de Arimatéia caiu no sertão, tendo em seu encalço uma multidão afoita por encontrá-lo para constituir vingança.

Esse retrato de época, vivamente narrado, lançado em outubro de 1965, obra-prima do regionalismo, que descreve uma paisagem marcada pela violência de disputas, vinganças e paixões, ganhou destaque na literatura nacional. O clássico testemunho da vasta experiência que o autor acumulou em suas andanças pelo Brasil afora, quando conviveu com coronéis e jagunços, foi aclamado pela crítica e é reconhecido como um dos grandes momentos da literatura brasileira de todos os tempos (FONTE: Autêntica Editora).

Chapadão do Bugre foi adaptado para a televisão em uma minissérie exibida pela Rede Bandeirantes entre 4 e 29 de janeiro de 1988, escrita por Antônio Carlos Fontoura, com colaboração de Sérgio Sbragia, sob direção de Wálter Avancini e Jardel Mello e direção geral de Wálter Avancini. Foi reprisada de junho a agosto de 1991 e de 7 de outubro a 1 de novembro de 1996. No elenco havia Edson Celulari, Paulo Goulart, Ítalo Rossi, Tássia Camargo, Mika Lins, Alexandre Frota, Sandra Annemberg e Altair Lima nos papéis principais.

Vídeo no Youtube:

Mário Palmério escreveu outras obras, entre elas Vila dos Confins, romance (1956), O Morro das Sete Voltas, romance sem publicação, Seleta..., organização, estudo e notas de Ivan Cavalcanti Proença (1974). Foi eleito para a cadeira 2 da Academia Brasileira de Letras, sucedendo a Guimarães Rosa, em 4 de abril de 1968, tendo sido recebido em 22 de novembro de 1968 pelo acadêmico Cândido Mota Filho. E foi homenageado em 1992, com a criação do Prêmio Top Educacional Professor Mário Palmério, uma iniciativa do setor da educação superior que homenageia o professor em virtude de sua valiosa e incansável contribuição à busca da criatividade, da originalidade e da inovação (FONTE: Wikipedia).

Mário Palmério
FOTO: reprodução do site da Revista Bula

O escritor faleceu aos 80 anos, em Uberaba, Minas Gerais, em 24 de setembro de 1996. O site da revista Bula publicou uma matéria em 30 de setembro de 2021, entitulada "Mário Palmério - o gênio esquecido".