Ai, ai meu Deus que saudade de um feijão
Com lingüicinha, paio e orelha de leitão
Feijão assim há muito tempo não se vê
Pelas panelas da grande população
A enxada magra é o perfil deste sertão
E a poeira, mãe na seca estação
Vertigens claras, obscuras pela história
Sede de vida na faminta solidão
O velho feijão tropeiro
Tutu de feijão mineiro
Feijão dos velhos escravos
Hoje tão ralo e tão caro
Feijão com arroz, meu amigo,
Tornou-se um prato vazio
Povo cansado e sofrido
Canta Feijão de Bandido
"Feijão de Bandido". Banda Feijão de Bandido (Brasília - DF).
Composição: Paulo Córdova
Seguindo os passos do imperador D. Pedro I, a Estrada Real, desligamos o rádio (Pois deu uma fome!) e resolvemos estacionar o Manuel para comermos um pouco. E, já que nos encontrávamos à caráter, nada melhor do que procurarmos um restaurante especializado em cozinha mineira, daqueles cujo ambiente parece ser todo feito de madeira de lei, e buscar nos servir de um autêntico tutu de feijão e comer até se fartar.
TUTU DE FEIJÃO
Como a maioria dos pratos conhecidos da culinária de Minas Gerais, o tutu de feijão é mais uma dessas iguarias da região que vem do tempo do tropeirismo, após o momento em que estes não passavam de exploradores de ouro e chegavam a morrer de fome por não dar importância à necessidade de carregar alimento. Atribui-se às paragens dos tropeiros do século XVII, uma espécie de mercador de diversos tipos de mercadoria, entre elas, posteriormente, alimentos, quando estes levantavam suas tendas para descansar e fornir, durante seu "leva e traz", o surgimento da maioria das receitas que hoje formam a mesa mineira.
Do improviso com que esses mercadores faziam seus pratos, variando raízes, milho e mandioca com os quais se fazia farinha e fubá , folhas, toucinho, feijão, temperos portugueses, indígenas ou africanos, como, por exemplo, a pimenta-do-reino e café, em panelas apoiadas, para distanciar-se do fogo, ora em uma combinação triangular de pedras colhidas pelo caminho, ora suspensas em um tripé feitos com galhos ou em cupinzeiros abandonados, quando encontravam um, o qual era chamado de tucuruva, à sofisticação atingida ao longo do tempo, as iguarias mantêm sempre uma base, que é o que as identificam.
O tutu nasce do feijão tropeiro, comida seca que levava pedaços de carne-de-sol e toucinho além do feijão, sobre os quais se despejava farinha de mandioca, embora haja quem sustente que o original levava a de milho, couve picada e o torresmo usado na obtenção da banha de porco, que era a forma portuguesa usada para fritar ou cozinhar os alimentos, quando não extraíam a gordura da forma herdada dos indígenas, através do bicho-de-taquara, um verme branco que era retirado do interior do bambu já florecido.
Apesar da familiaridade com o feijão tropeiro, o tutu de feijão consagrou-se por ser uma comida pastosa, densidade a que chegou com o passar do tempo. Hoje, dificilmente se vê um tutu, nas casas de Minas, que não leve pedaços de linguiça de porco ou bifes, cebola e cebolinha, salsa, cheiro verde, alho, molho de tomate e ovo cozido partido ao meio com a gema voltada para cima, a fim de dar melhor apresentação ao prato. Tradicionalmente é cozido em panela de barro ao fogo à lenha e servido em travessas de vidro. Uma caipirinha ou um suco de limão vão muito bem para acompanhar o prato!
Abaixo apresentamos uma receita. Sirva-se!
Tutu de feijão com couve e torresmo
Rendimento: 10 porções
Ingredientes
1kg de toucinho de barriga para torresmo
Azeite a gosto – mais ou menos uma xícara
1 cebola
2 dentes de alho picados
1kg de feijão já cozido e temperado (batido no liqüidificador)
200g de farinha de milho passada na peneira
Salsinha bem picada
Sal e pimenta moída na hora a gosto
Modo de fazer
1. Com o toucinho faça os torresmos.
2. Numa panela refogue com o azeite a cebola e o alho. Junte o feijão que passou no liquidificador. Agregue a farinha até ficar um creme meio espesso, junte a pimenta e o sal. Por último agregue a salsinha.
3. Passe o tutu para uma travessa, guarneça-o de couve à mineira e torresmo frito. Se desejar, jogue cebolinha picada por cima.
Rendimento: 10 porções
Ingredientes
1kg de toucinho de barriga para torresmo
Azeite a gosto – mais ou menos uma xícara
1 cebola
2 dentes de alho picados
1kg de feijão já cozido e temperado (batido no liqüidificador)
200g de farinha de milho passada na peneira
Salsinha bem picada
Sal e pimenta moída na hora a gosto
Modo de fazer
1. Com o toucinho faça os torresmos.
2. Numa panela refogue com o azeite a cebola e o alho. Junte o feijão que passou no liquidificador. Agregue a farinha até ficar um creme meio espesso, junte a pimenta e o sal. Por último agregue a salsinha.
3. Passe o tutu para uma travessa, guarneça-o de couve à mineira e torresmo frito. Se desejar, jogue cebolinha picada por cima.
Extraído de: Enciclopédia Larousse da Cozinha Brasileira. Raízes da Nossa Terra. Editora Larousse
Texto: AAVítor (com adaptações)
Foto: http://reidacolher.blogspot.com
Fontes de pesquisa:
http://comida.ig.com.br/. Colunista: Guta Chaves.
http://www.gastroonline.com.br
Bem, com o estômago forrado, vamos agora procurar uma boa sombra de árvore e tirar uma pestana, para depois continuarmos nossa aventura literária pelas terras de Minas. Após tomarmos um belo banho com água aquecida na serpentina do fogão onde foi feito o maravilhoso tutu de feijão.
Até a próxima postagem!
Não tenho tutu não tenho tutu dinheiro
Mas quero comer tutu e tem que ser tutu mineiro
Não tenho tutu não tenho tutu dinheiro
Mas quero comer tutu e tem que ser tutu mineiro
To andando atrapalhado to andando sem dinheiro
Mas na hora do rangu tem que ser tutu mineiro
Não tenho tutu não tenho tutu dinheiro
Mas quero comer tutu e tem que ser tutu mineiro
Mas quero comer tutu e tem que ser tutu mineiro
Não tenho tutu não tenho tutu dinheiro
Mas quero comer tutu e tem que ser tutu mineiro
To andando atrapalhado to andando sem dinheiro
Mas na hora do rangu tem que ser tutu mineiro
Não tenho tutu não tenho tutu dinheiro
Mas quero comer tutu e tem que ser tutu mineiro
"Tutu mineiro". Cascatinha e Inhana (SP).