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sábado, 21 de abril de 2012

Inconfidência Mineira

(...)
Atrás de portas fechadas,
à luz de velas acesas,
uns sugerem, uns recusam,
uns ouvem, uns aconselham.
Se a derrama for lançada,
há levante, com certeza.
Corre-se por essas ruas?
Corta-se alguma cabeça?
Do cimo de alguma escada,
profere-se alguma arenga?
Que bandeira se desdobra?
Com que figura ou legenda?
Coisas da Maçonaria,
do Paganismo ou da Igreja?
A Santíssima Trindade?
Um gênio a quebrar algemas?  
Versos de "O Romanceiro da Inconfidência", de Cecília Meireles.

 Se eu tivesse dez vidas, todas dez vidas eu daria”.
Palavras de Tiradentes momentos antes
do cumprimento da sua sentença. 

 Ilustrações que apresentam Tiradentes como alferes e como réu.

1789, durante o período denominado como "Ciclo do Ouro" no Brasil devido à grande extração do metal precioso, final do século XVIII, a vida administrativa e política do país ainda estavam nas mãos dos colonizadores portugueses, que se lançavam a terríveis abusos que dificultavam ainda mais a emancipação brasileira. 
 Variação da bandeira dos inconfidentes em 1789 (Wikipédia)

O povo em geral protestava contra os abusivos aumentos de impostos cobrados pela Coroa portuguesa, como o "quinto do ouro", que compreendia a 20% do metal extraído em suas colônias, registrados em "certificados de recolhimento" pelas casas de fundição, havendo severas punições, como o deporto para terras hostis africanas, aos sonegadores. Como se não bastasse, a metrópole havia decretado uma série de leis que viraram obstáculos ao desenvolvimento industrial e comercial do Brasil. No ano de 1785, por exemplo, Portugal decretou uma lei que proibia o funcionamento de industrias fabris em território brasileiro.
Visconde de Barbacena. Governador da Capitania das Minas Gerais na época da Inconfidência. Ordenou a devassa dos inconfidentes.
 Original em http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=28613.

Instauração da Devassa Ordenada
pelo Visconde de Barbacena (1789)

Autos de Devassa da Inconfidencia Mineira – Vol. 1 – 1936“Officio do Visconde de Barbacena, ordenado a instauração da Inquirição – Devassa da InconfidênciaPor ter chegado á minha noticia, que algumas Pessoas tinhão formado nesta Cappitania o temerário e abominável projecto de huma sublevação contra a Magestade, a legitima Soberania, da Rainha nossa Senhora que Deus guarde, e da sua Real Coroa, conjurandose entre si, pertendendo corromper a fidelidade do Povo e da Tropa, e uzando para o mesmo fim de outros preversos e horrorozos meios: Ordeno ao Dezembargador Ouvidor Geral e Corregedor desta Comarca, que autuadas as Denuncias ou representações, Cartas, e mais Papeis que lhe entrego, haja de proceder com toda a circunspecção e segredo possível á investigação e Inquirição Devassa deste gravíssimo Delicto sem determinado tempo ou numero de Testemunhas, escrevendo nella o Doutor Jozé Caetano Cezar Manitti Ouvidor Geral e Corregedor da Comarca do Sabará, que na conformidade das ordens de Sua Magestade tenho nomeado para Escrivão em todas as dilligencias, procedimentos, e Autos judiciaes concernentes ao exame deste importante negocio; e confio da fidelidade, intelligencia, actividade, e zelo pelo Real serviço, de hum e outro Ministro o completo desempenho delle, procurando conhecer não somente os Autores e cumpleces de tão execranda maldade, mas todo o perniciozo sistema e progresso della, e dandome parte de tudo, para eu occorrer continuadamente com todo o auxilio e providencias que forem necessarias.Villa Rica 12 de Junho de 1789”.Obs: Foi respeitada fielmente a orthographia dos originaes.

Original em: http://www.descubraminas.com.br/MinasGerais/Pagina.aspx?cod_pgi=712

"Prisão de Tiradentes", por Antônio Diogo da Silva Parreiras.

Voltando ao ouro, a prática excessiva da extração fez com que as jazidas diminuissem, porém, tal condição não causava o mesmo efeito na cobrança dos impostos. Foi quando Portugal criou a "derrama do ouro", que exigia de cada região exploradora a transferência anual de 100 arrobas (1500kg) em favor da metrópole. A insuficiência da extração dificultava o cumprimento da meta na maioria das regiões. Portugal mandava soldados entrarem nas casas para buscar pertences das pessoas para completar o valor.
 Óleo sobre tela de Leopoldino de Faria (1836-1911) retratando
a Resposta de Tiradentes à comutação da pena de morte dos Inconfidentes. (Wikipédia)

A população se aborrecia com a audácia portuguesa; fazendeiros e donos de minas reivindicavam participação na vida política do país, além da diminuição dos impostos; e até membros da elite brasileira da época, formada por intelectuais, militares e os já citados fazendeiros e donos de minas, influenciados pelas idéias de liberdade que vinham do Iluminismo europeu, começaram a se reunir às ocultas, em porões das construções de Vila Rica (atual Ouro Preto) para encontrar uma solução para o problema, além de batalhar pela proclamação da Independência do país, o que trataria de ser uma resolução definitiva para a relação de colônia de Portugal que o Brasil se mantinha e que já não se compreendia.

Representação dos inconfidentes Cláudio Manuel, Inácio Alvarenga e Tomás Gonzaga

Vários inconfidentes ficaram conhecidos e há muitas versões para a história de cada um contadas nos livros de histórias da Atualidade. O alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, se tornou um símbolo desse movimento e também um herói nacional. Liderou um grupo formado pelos poetas Tomás Antonio Gonzaga (de Marília de Dirceu e Cartas Chilenas) e Cláudio Manuel da Costa, poeta neoclássico, natural de Vila do Ribeirão do Carmo, Minas Gerais, atual Mariana, também foi advogado de prestígio, o dono de mina Inácio de Alvarenga Peixoto, o padre Rolim (José da Silva e Oliveira Rolim), homem rico e de caráter contestável, filho de um contratador de diamantes da cidade de Diamantina, que procurou carreira eclesiástica para se livrar de processos criminais, conforme alguns ditos históricos (em http://passadicovirtual.blogspot.com.br/2009/03/o-devasso-padre-rolim.html), entre outros representantes da elite mineira. A idéia do grupo era conquistar a liberdade definitiva e implantar o sistema de governo republicano em nosso país (alguns estudos dizem que esta república seria regional apenas), deixando de lado em suas reivindicações a questão da escravidão. A Independência do Brasil só aconteceria em 7 de setembro de 1822, 33 anos depois, devido a vários fatores que se acumularam, entre eles a insurreição dos inconfidentes.

Bandeira da Conjuração Mineira
Os inconfidentes chegaram a marcar o dia da insurreição, que seria em um dia em que a derrama fosse executada, a fim de poderem contar também com o apoio de parte da população revoltada, e a definir uma nova bandeira para o Brasil, composta por um triangulo vermelho em um fundo branco, com a inscrição em latim: "Libertas Quae Sera Tamen" (Liberdade ainda que Tardia).Símbolo que mais tarde se transformaria na bandeira do Estado das Minas Gerais.

Trabalho estudantil que traz informações sobre a Inconfidência Mineira, Tomaz Gonzaga e Marília de Dirceu

Representação de Silvério dos Reis.

Um recibo passado em 1785 por Joaquim Silvério dos Reis,o delator da Inconfidência Mineira.Menciona um dos outros delatores:  Inácio Pamplona.(Documento reproduzido de coleção particular) 
Original em http://buratto.org/gens/gn_documentos5.html
Martírio de Tiradentes,
óleo sobre tela de Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo 
(1854 — 1916). (Wikipédia)

O levante foi impedido graças à traição de um dos inconfidentes, convidado de Francisco Antônio de Oliveira Lopes, o português Joaquim Silvério dos Reis Montenegro Leiria Grutes, que era Coronel Comandante do Regimento de Cavalaria Auxiliar de Borda do Campo, contratador de entradas, fazendeiro e proprietário de minas, porém falido, que delatou o movimento para as autoridades portuguesas, em troca do perdão de suas dívidas com a Coroa, ocasionando na prisão de todos eles. No Rio de Janeiro, capital do Brasil na ocasião, eles foram acusados pelo crime de infidelidade ao rei. Alguns inconfidentes ganharam como punição o degredo para a África, enquanto outros apenas penas menores que para alguns pode ser cumprida em meio nobre como a Casa dos Contos de Vila Rica. Somente Tiradentes, por assumir a liderança do movimento (ou por não possuir tanta riqueza, como querem uns), foi condenado a forca em praça pública.

Casa dos Contos de Vila Rica (Ouro Preto - MG)

"Portanto condenam o réu Joaquim José da Silva Xavier, por alcunha o Tiradentes, alferes que foi do Regimento pago da Capitania de Minas, a que, com baraço e pregão seja conduzido pelas ruas públicas ao lugar da forca, e nela morra morte natural para sempre, e que depois de morto lhe seja cortada a cabeça e levada a Vila Rica, onde no lugar mais público dela, será pregada em um poste alto, até que o tempo a consuma, e o seu corpo será dividido em quatro quartos, e pregados em postes, pelo caminho de Minas, no sítio da Varginha e das Cebolas, onde o réu teve as suas infames práticas, e os mais nos sítios das maiores povoações, até que o tempo também os consuma, declaram o réu infame, e seus filhos e netos tendo-os, e os seus bens aplicam para o Fisco e Câmara Real, e a casa em que vivia em Vila Rica será arrasada e salgada, para que nunca mais no chão se edifique, e não sendo própria será avaliada e paga a seu dono pelos bens confiscados, e mesmo chão se levantará um padrão pelo qual se conserve em memória a infâmia deste abominável réu; [...]"
Em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tiradentes


O quadro "A leitura da sentença de Tiradentes"
 (óleo sobre tela de Leopoldino Faria): 
Portugal utilizava a violência como instrumento repressivo.
original em: 
http://www.brasilescola.com/historiab/inconfidencia-mineira.htm

O episódio da Inconfidência Mineira (também conhecida como Conjuração Mineira) é bastante atacado como a ter sido um fato histórico de grande contribuição para a independência do Brasil dos domínios portugueses. Percebe-se na literatura documentarista muita controvérsia entre os próprios historiadores, dificultando com isto uma possível conclusão dos fatos. Embora tivesse fracassada, foi um dos mais importantes movimentos sociais da História do Brasil. Destacou a luta do povo brasileiro pela liberdade, se opondo à opressão do governo português no Período Colonial.
Tiradentes Esquartejado, em tela de Pedro Américo (1893)
Acervo: Museu Mariano Procópio. (Wikipédia)

FONTES DA PESQUISA DE TEXTO

FONTES DAS IMAGENS: Creditadas no local.

REFERÊNCIAS.
O Romanceiro da Inconfidência. Livro poético de Cecília Meireles. Escrito em 1953.
Tiradentes. O filme de Oswaldo Caldeira, de 1999, trás uma visão mais recente do movimento e sobre a sentença dos conjurados. Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=-fW8Tri3kGc


PASSE O VERÃO LENDO UM CONTO QUE TE ENTRETERÁ COM UM ROMANCE INUSITADO, CENAS MÁGICAS VIVIDAS EM UM PARAÍSO TROPÍCAL E, DE QUEBRA, TE MOTIVARÁ A SAIR DE UMA VIDA DE SIMPLES COLABORADOR PARA VIVER A PARTIR DO ANO DE 2013 COMO UM GRANDE EMPREENDEDOR.

LEIA


A. A. Vítor

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